sexta-feira, 13 de maio de 2011

Criação de redes entre pesquisadores


Nos dias 28 e 29 de abril de 2011, Juana M. Sancho e Fernando Hernandez, professores e pesquisadores da Universidade de Barcelona, estiveram na UFSC para conversar com professores, pesquisadores e estudantes da graduação e pós-graduação do Centro de Educação. A conversa foi muito estimulante e altamente inspiradora. Tentarei sintetizar alguns aspectos que chamaram minha atenção.

Ao situar o contexto da reestruturação da universidade espanhola, Juana apresentou a trajetória do grupo de pesquisa que eles coordenam, o Esbrina - Subjectivitats i entorns educatius contemporanis, a equipe de pesquisadores, os princípios orientadores do grupo e a dinâmica de trabalho que eles vêm construindo e consolidando nos últimos anos.

Diante de um cenário em que as demandas e exigências de diferentes instituições e agências de fomento têm imposto um viés cada vez mais competitivo entre os grupos, fazer pesquisa e divulgá-la no mundo torna-se uma atividade mais que necessária, vital para o cientista e pesquisador. E a forma que o ESBRINA encontrou para ser um grupo consolitat na Espanha, validado e certificado a partir de rigorosos critérios de avaliação, foi a construção de parcerias.

“As redes importantes são as pessoas que você conhece”, disse Juana, destacando uma condição para o trabalho de pesquisa e existência de grupos consolidados no contexto atual. “Ou estamos em rede ou não estamos. Ou aplicamos projetos coletivos ou não somos pesquisadores hoje”. No entanto, não basta apenas juntar grupos, sendo necessário interrogar a força de pesquisa dos grupos de cada universidade. Se for só um, dificilmente se sustenta.  E isso de certa forma referenda o que temos buscado construir no grupo de pesquisa que coordeno, pois parece que estamos no caminho certo quando buscamos diálogo e parceria com outros pesquisadores.

E assim fomos conhecendo um pouco do processo de construção coletiva do grupo Esbrina, que em catalão significa indagar, mirar. É formado por 37 professores e pesquisadores de diferentes grupos e instituições em que o trabalho de liderança pedagógica é muito importante para autorizar a todos aprender e ensinar. Aliás, uma característica do grupo que ficou evidente é a atuação de cada um a partir de uma decisão coletiva, fundamental para implicar a todos no trabalho.

O grupo se reúne periodicamente com reuniões de formação em que as pessoas se comprometem a participar de projetos coletivos e colaborativos a partir de estudos desenvolvidos no grupo. “Se as pessoas não produzem ‘produção científica’, não participam do grupo Esbrina”, enfatiza Juana. E continua: “para estar no grupo e ser membro participante é necessário se comprometer em publicar pelo menos 2 artigos por anos em revistas indexadas”, esclarecendo que “se a pessoa não quiser ser participante, pode ser apenas colaborador”. Afinal, “o grupo tem que produzir não só projetos, mas produção científica”, pois sabemos que é pesado carregar quem  não produz. E com todas as críticas que se possa fazer em torno da questão dos tipos de produção e avaliação, um contraponto é a possibilidade de “ficar feliz em ser avaliado porque pelo menos alguém te olha... “

Mas por que destacar esses detalhes de participação se cada grupo tem sua história, identidade e  especificidade? Justamente pela possibilidade de troca e de aprendizagem, uma vez que essa questão tem sido muito discutida entre nós, sobretudo nos últimos meses, e diante da dificuldade que certos grupos de pesquisa encontram para organizar seus trabalhos e assegurar uma participação efetiva de seus membros e realmente comprometida com os interesses do grupo.

Outro aspecto que chamou minha a atenção é o belo trabalho de divulgação e socialização  dos projetos e da produção acadêmica que o Esbrina faz em seu repositório digital, construído  no site do grupo mantido por um funcionário altamente capacitado, um engenheiro de informática que também se interessa por temas da educação. Isso nos faz pensar na dificuldade  que enfrentamos diante de condições tão precárias de trabalho, quando por vezes nem é possível assegurar a presença de bolsistas para manter o site do grupo atualizado.

Movendo-se em diversos projetos nacionais e internacionais e com a perspectiva de uma  Rede e Criação de Centro de Excelência em Pesquisa e Inovação Educativa,  é importante  destacar que o Esbrina atua a partir de 3 Linhas de pesquisa: Aspectos institucionales, organizativos y simbólicos de los entornos educativos en contextos de cambio y complejidad;  Subjetividades emergentes, lenguajes y sistemas de inclusión y exclusión en la sociedad contemporânea;  Cultura visual y tecnologías del aprendizaje en la sociedad del conocimiento.

Diante do que foi brevemente exposto, parece inevitável inúmeros pedidos de pesquisadores para trabalhar junto a esse grupo. E para acolher dignamente Prof. Convidados, Prof. Visitantes, Pós-doc e Bolsistas com estágio no exterior, o grupo decidiu não receber mais de 2 pesquisadores por vez em cada campo de trabalho, a fim de assegurar boas condições a cada um. 

Por fim, aliado ao trabalho do Esbrina, Juana e Fernando destacaram a articulação do trabalho de pesquisa com o Centro de Estudios sobre el Cambio en la Cultura y la Educación, CECACE, e com o INDAGA-T. Afavoriment de l’aprenentatge autònom i col·laboratiu a través de la indagació i la utilització de tecnologies digitals. A respeito desse projeto, ao explicitar a filosofia e seus princípios de trabalho no contexto da inovação docente, Fernando finalizou com a pergunta: “Que estratégias de mudanças estamos desenvolvendo em nossa experiência pedagógica?”  

Sem dúvidas, uma boa indagação...


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