sábado, 11 de junho de 2011

Expressoes geográficas, pedagógicas e comunicacionais



Quando afirmamos que as ferramentas da web 2.0 estão modificando as práticas culturais individuais e coletivas de crianças e jovens, costumamos enfatizara dimensão de autoria e produção, uma vez que cada vez mais se observa tal forma de participação na cultura digital. Crianças e jovens não apenas navegam na internet e participam de redes sociais, mas estão cada vez mais produzindo e compartilhando conteúdos. 

E o 3º Seminário da Revista Discente Expressões Geográficas, com o tema “Práticas Educacionais e Comunicacionais: Contribuições da Geografia para uma Pedagogia Cidadã”, que aconteceu na UFSC, nos dias 7 e 8 de junho, foi uma pequena amostra de tal participação estudantil. A iniciativa de estudantes do curso de Geografia da UFSC em organizar o referido evento e publicar sua Revista Eletrônica Discente é um exemplo concreto de como as tecnologias estão favorecendo certas interações e modificando certas práticas.

Convidada para participar da mesa de abertura abordando uma pesquisa sobre as tecnologias na formação de professores, fiquei feliz de ver o quanto estudantes sensíveis e bem (in)formados podem fazer a diferença no cotidiano universitário, sobretudo com a inquietação e o pensamento crítico que em geral caracterizam os estudantes que têm uma atuação e participação diferenciada na vida acadêmica. E isso certamente interpela e instiga a outras possibilidades de parceria e diálogo entre professores e estudantes.

Mais que compartilhar experiências de pesquisa, tal participação me fez pensar no que estamos propiciando aos nossos alunos da graduação em termos de aprendizagem e em que medida possibilitamos certas mudanças nessas e noutras práticas da relação pedagógica. Afinal, nos encontramos toda semana e permanecemos juntos por cerca de três, quatro horas. Nesse tempo da aula, que seria o espaço do encontro pedagógico, apresentamos e discutimos conteúdos, retomamos questões de leituras e exemplos práticos e enquanto alguns anotam e fazem diversos usos de seus laptops com diferentes janelas abertas, outros se debruçam cansados sobre as carteiras e quando interpelados, dizem “mas eu estava escutando”. E realmente esperamos que estejam...
E me pergunto em que medida conseguimos tocar os estudantes, instigar, alegrar, entristecer, enfim, mexer com suas idéias, reforçar algumas e rejeitar outras. Será que  saem da sala querendo conversar sobre isso e aquilo? Será que ficam com alguma pergunta? Será que aprendem alguma coisa para além do que é possível verificar em nossas insuficientes formas de avaliação?

Enfim, como estamos cumprindo nossa tarefa de criar um espaço de convivência (Maturana) ou uma comunidade de aprendizagem (Bruner) a partir de nossas experiências de ensinar e aprender? E de que maneira estamos desenvolvendo e transformando a nossa própria experiência pedagógica no sentido de criar outros espaços de significação?

De formas diferentes, é claro, porque temos vidas diferentes, espaços de perguntas e experiências distintas, penso que ainda assim é possível transformar juntos... E vendo aquele brilho nos olhos de jovens estudantes que produzem sua revista, fiquei pensando que em algum momento algo diferente foi criado e que eles parecem ter aceitado entrar no jogo e construir outros espaços de aprendizagem, convivência, interação, participação. E com isso, certamente vão construindo outros olhares e expressões “geográficas, pedagógicas e comunicacionais” sobre sua própria formação.


Imagem: site http://www.geograficas.cfh.ufsc.br/

Um comentário:

santiago disse...

Link da fala da professora Monica Fantin http://youtu.be/ATX9P_vZXMA