A
ideia inicial era participar de um bate-papo informal com professores na Feira do Livro de Joinville sobre o livro Crianças, cinema e educação: além do arco-íris. No entanto, tal idéia se transformou numa
palestra sobre o mesmo para um público de cerca de 300 professores, com a
apresentação de Solange Coral e a mediação de Roselete Aviz de Souza, que
também relatou experiências de produção de audiovisual com crianças e
adolescentes.
Nessa palestra/bate-papo ficaram evidentes as diferentes possibilidades de pensar o cinema: como arte, cultura e educação. Educação que pode
ser entendida como formação, transformação e auto-formação, onde as experiências de leitor, espectador, intérprete e “co-autor”
de livros e filmes pode se transformar em práticas educativas e culturais de
professores e pesquisadores.
O cinema na escola se justifica por ser um cruzamento de práticas sociais diversas,
por ser instrumento de difusão do patrimônio cultural da humanidade, por ser
documento da história e pela possibilidade de educar para e com o cinema, diz
Rivoltella. Com os filmes, temos a possibilidade de interagir com diferentes culturas, representações e
imaginários e ter um repertório comum a partir desse ambiente simbólico que envolve emoção, atividade
cognitiva e investimento psicológico.
Se alguns filmes
se colocam ao lado de outras produções da ciência, da arte e da literatura, certos
filmes tem o poder de restituir o visível da realidade sociocultural no momento
em que a história está se construindo. Por
tudo isso, podemos entender o cinema como instrumento de aprendizagem e objeto
de conhecimento e enfatizar a possibilidade de educar para e com o cinema.
No entanto,
na maioria das vezes, os usos do cinema e dos filmes na escola nem sempre
seguem tal perspectiva. Sendo uma das mídias mais utilizadas por professores em
suas aulas, seja para enriquecer ou ilustrar conteúdos, seja para instigar a temática
de certos projetos, ainda é muito evidente o uso de filmes como “substituição”,
sobretudo quando falta professores. E o
significado de tal prática pode ser problematizado diante de todo o potencial
que os filmes trazem para a educação.
Na perspectiva dos novos letramentos, o cinema se
transforma numa bela possibilidade de trabalhar os códigos da linguagem
audiovisual e suas produções de sentido na esfera visual (luz, cor, campo, planos; movimento dos
personagens e das máquinas; cenografia; efeitos especiais; escrita; montagem) e
na esfera auditiva (sons, falas, diálogos; ruídos, música) junto com os demais tipos de representação: escrita, visual,
musical, etc.
Pensar o cinema na prática pedagógica implica em pensar num planejamento da atividade que envolve o cenário da exibição, critérios de escolha e adequação dos filmes, informações sobre a contextualização da obra (filme e diretor) para provocar curiosidades, momento da exibição/ fruição/ apreciação, e dependendo da intencionalidade educativa, é possível aprofundar as primeiras impressões através de possíveis análises e interpretações e de possíveis percursos de produção, situando o que é/pode ser um filme para os alunos e para o professor.
Nesse sentido, o percurso didático para trabalhar com cinema
na escola na perspectiva da mídia-educação, no livro Crianças,
cinema e educação: além do arco-íris,
pode ser um ponto de partida.
Afinal, são muitas as possibilidades de pensar um cinema que educa, sobretudo quando ele emociona, diverte, transforma e faz pensar .
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