domingo, 17 de março de 2013

Mídia, imagem e movimento - um olhar sobre o 4 ENOME



O que temas como “Os corpos na mídia”, “Jogos digitais”, “Movimentos corporais e linguagens”, “Tecnologias em escolas do campo e em ilhas”, “Linguagem e comunicação” “Narradores e vagalumes” podem ter comum? Num primeiro momento esses temas podem ser ligados por fios que tecem reflexões sobre educação, cultura, imagem, comunicação e  movimento e em seguida podem ser ligados pelo pertencimento comum de seus autores: F. Zoboli, G. Cruz, R. Pereira, I. Munarim, F. Messa e F. Bittencourt ao Labomídia  ( coordenado por G. Pires, UFSC) e presentes no IV ENOME - Encontro Nacional do Observatório da Mídia Esportiva -realizado em São João del Rey (coordenado por  D. Mendes e M. Botti, UFSJ), em novembro de 2012. Evento que  participei apenas um dia, mas que não poderia deixar de socializar algumas questões que certos temas suscitaram no meu olhar e que ainda ecoam em mim.

Ao pensar as imagens dos corpos presentes na mídia em geral, Zoboli destaca o corpo como fetiche. Acompanhado de belas imagens da mitologia que transitam por deuses, as figuras possibilitam  ver fragmentos que nos chegam peãs imagens da mídia mostrando o corpo belo, o que vejo e como sou visto, o que tenho e modifico,  o que transforma,  morre e renasce. Imagens como rastros de corpos que a mídia elege e que acolhemos ou não.

Das imagens às experiências com jogos digitais, as possibilidades de imersão na cultura e o conceito de gamificação, através do qual Cruz destaca a importância das aprendizagens informais  que extrapolam os espaços e o conceito de gaming e que podem se construir como experiências culturais. Pistas para pensar num diálogo possível entre jogo e “letramentos digitais”.

Entre diálogos e fronteiras, Pereira e Munarim narram suas experiências no doutorado sanduíche com imagens  reveladoras das diferentes formas de participação na universidade, na escola, nas viagens de estudo, nas ilhas italianas e noutros territórios que se articulam ao pensar o movimento corporal, as tecnologias na escola e a educação física. Imagens que também comunicam  relatos de uma pesquisa em parceria desenvolvida por Messa, num belo passeio fotográfico pela Argentina.

E para finalizar essas experiências narrativas, Bittencourt traz a imaginação mais que a imagem para falar daqui e de lá, como identidades e contrastes entre Brasil e Espanha. Entre lugares e espantos, a vontade de ver vagalumes que acendem estrelas, e que o acompanham há muitos anos. Vagalumes que correm o risco de se apagarem diante dos holofotes da mídia na sociedade do espetáculo.

Diante de tantas imagens poéticas, a responsabilidade de fechar o evento com algumas considerações sobre a Mídia-educação e os desafios da escola. Para tal, três perguntas: Que crianças e jovens estamos formando no contexto contemporâneo ? A produção de subjetividades na escola permite a construção de identidades como reconhecimentos e pertencimentos? Que tipos de aprendizagens e participação na escola/cultura estamos propiciando? Um pressuposto: protagonismo e atravessamento da mídia no cotidiano e a necessidade de uma concepção ecológica de mídia-educação para entender as novas formas de aprendizagem e os novos modos de participação na escola e na cultura. E uma constatação: a crise na educação e nas instituições (instituições tradicionais não estão mais respondendo às questões identitárias de construção de sentido diante da complexidade do mundo contemporâneo). Com isso, algumas considerações sobre: contextos da mídia-educação  e cultura digital; entendimentos sobre formas de participação, produção  e aprendizagem; formas de mediação; e desafios da mídia-educação na escola e na pesquisa.

Questões e discussões para um debate que pretendia encerrar um evento, mas que ao mesmo tempo anunciava outras possibilidades de continuidade. O evento acadêmico poderia terminar aqui, mas como experiência de vínculos, de afetos e da cultura mineira continua presente nas imagens das gerais: suas cores, seus sabores, seus sotaques presentes num trem de histórias que esperam novos eventos para serem recontadas... Nesses recontos, a busca da inspiração para o ano que começa e continua!



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